28/07/2020
Precarização: Caixa retrocede e filas voltam a colocar população e empregados em risco

A Caixa voltou a registrar filas e aglomerações nas agências pelo país neste fim de semana e na segunda-feira (27). Um dos motivos foi o bloqueio de mais de três milhões de contas do auxílio emergencial por suspeitas de fraudes ou inconsistências na documentação. Apesar da divulgação de um calendário para a regularização, muitos trabalhadores já formavam uma fila na noite de domingo. Na fila também estavam os trabalhadores que buscavam sacar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A situação demonstra mais uma vez a falta de planejamento do governo na operação de pagamento do auxílio emergencial e do FGTS. Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sérgio Takemoto, a direção da Caixa não parece estar preocupada com proteção dos empregados e da população. "Estão mandando milhares de pessoas para as agências, sem nenhum planejamento. Isso mostra que novamente falta capacidade administrativa da direção da Caixa, e ainda expõem tantas pessoas ao contágio da Covid-19", afirmou.
No início da pandemia, o Sindicato e as demais entidades e federações que representam os trabalhadores reivindicaram uma série de medidas para contar as filas que se formavam naquele período, mas poucas coisas foram atendidas pela direção da Caixa. A campanha informativa para a população, por exemplo, nunca saiu do papel. A descentralização do pagamento do auxílio emergencial, também foi uma pauta reivindicada que não foi atendida pela direção do banco. As entidades também pediram o apoio de outras instâncias de governo. De 5.570 municípios, a Caixa chegou a fazer parcerias com cerca de 1.280 prefeituras para reforçar a organização das filas e manter o distanciamento mínimo de dois metros entre as pessoas. Os trabalhadores estão estafados. O trabalho só aumenta, sem contrapartida na segurança.
“Infelizmente, ao invés do governo e da direção da Caixa realizarem o trabalho que lhes cabe, preferem jogar todo o peso da própria irresponsabilidade nas costas dos empregados da Caixa. Desde o início da pandemia, as entidades representativas dos trabalhadores têm cobrado condições para os empregados trabalharem, mas por falta por falta de planejamento da gestão da Caixa, a rotina dos empregados está sendo caótica. O que queremos é que a Caixa dê suporte para quem está na linha de frente, ao invés de tornar a jornada ainda mais extenuante", defende o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
A volta das filas tem preocupado os representantes dos empregados da Caixa. Para o coordenador da Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Dionísio Reis, o governo retrocedeu em diversos pontos que já estavam negociados com os bancários da Caixa. O assunto está sendo debatido entre as entidades. "É um abuso desse governo, que retrocedeu inclusive o que tínhamos de protocolos para os terceirizados, na organização de filas, as estruturas combinadas com a prefeitura. Agora também está querendo privatizar a Caixa. Isso é o modus operandi. Assim como o governo fez com a fila da previdência, do SUS, com a Caixa é a mesma coisa", criticou Reis.
A demanda da Caixa é gigantesca. O banco público está pagando o auxílio emergencial para mais de 65 milhões pessoas e outros 60 milhões de pagamentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além de mais de três milhões de pagamentos do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm). Segundo a representante dos empregados da Caixa no Conselho de Administração, Rita Serrano, em três meses estão passando pela Caixa 121 milhões de brasileiros, o que significa que em cada 10 adultos, oito estão passando pela Caixa.
Para a conselheira, a forma de resolver o problema seria a descentralização do pagamento, reivindicação que não foi acatada pelo governo federal. "Os empregados da Caixa estão extremamente, cansados, sobrecarregados. É uma pressão violenta. E não é apenas o atendimento, tem a pressão por metas. Para a população também é um sofrimento. Além do desemprego e a pandemia ainda tem que ir para a fila correr mais risco", ressaltou.
Como fazer o desbloqueio da conta?
Para os trabalhadores que precisam fazer o desbloqueio da conta do auxílio emergencial é necessário ir até uma agência da Caixa com o documento de identidade.
Para evitar as filas, a Caixa divulgou um calendário para os beneficiários que precisem ir até a agência.
- Nascidos em janeiro, fevereiro e março — desbloqueio até 24 de julho
- Nascidos em abril e maio — desbloqueio de 27 a 31 de julho
- Nascidos em junho e julho — desbloqueio de 3 a 7 de agosto
- Nascidos em agosto, setembro e outubro — desbloqueio de 10 a 14 de agosto
- Nascidos em novembro e dezembro — desbloqueio de 17 a 21 agosto
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