07/07/2020
Em plena pandemia de coronavírus, Santander demitiu quase 500 funcionários em um mês

Em um mês, o banco Santander demitiu, no Brasil, 433 funcionários, segundo levantamento realizado pelos sindicatos dos bancários de todo o país, informa reportagem publicada na Folha Online na segunda-feira (6). O jornal lembra que o banco quebrou seu compromisso de não demitir funcionários durante a crise sanitária causada pelo novo coronavírus que assola o país e as demissões estão ocorrendo em diversos estados. O jornal informa, ainda, que o Santander é o único entre os maiores bancos do país a não respeitar o compromisso pela não demissão de funcionários neste período.
O número de demissões pode ser ainda maior, uma vez que o banco não apresenta os dados e os sindicatos tiveram que fazer um levantamento a partir das informações que são passadas pelos próprios trabalhadores.
“Na quarta-feira (1/7), tivemos uma reunião com o banco para tratar, entre outras coisas, deste assunto. Mas, o banco se recusou a negociar e não apresentou os dados. Marcamos uma nova reunião para sexta-feira (3), mas o banco a desmarcou momentos antes da hora marcada”, lembrou o secretário de Assuntos Socioeconômicos e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o Santander, Mario Raia.
"O Santander teve seu maior lucro, mas ignora que os resultados são fruto do empenho e dedicação dos funcionários. O Sindicato repudia o comportamento do banco e cobra o fim das demissões. Não há motivos para cortar empregos, é um desrespeito com os bancários e com a sociedade. Se o Santander não está realizando cortes nos outros países onde opera, queremos o mesmo tratamento no Brasil. Reivindicamos que a negociação e os acordos firmados com os representantes dos trabalhadores sejam respeitados", reforçou o secretário geral do Sindicato, Júlio César Trigo.
Metas abusivas
Segundo o banco, as demissões são ajustes naturais em busca da competitividade e ocorrem quando não há cumprimento de metas. O banco lançou uma campanha chamada “Motor de Vendas”, que define o cumprimento pelos funcionários de metas crescentes.
“É mais um dos compromissos descumpridos pelo Santander. Em mesa de negociações entre a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e o Comando (Nacional dos Bancários), os bancos se comprometeram a não cobrar metas comerciais durante a pandeia. As únicas metas que permaneceram foram as de qualidade de atendimento”, informou o dirigente da Contraf-CUT. “Mas, a ganância do banco espanhol obriga os funcionários a empurrarem produtos para os clientes, mesmo neste momento em que as pessoas querem economizar dinheiro e não comprar produtos e serviços bancários. Isso é um absurdo!”, disse Mario Raia, lembrando que o Santander já foi condenado pela Justiça pela prática de cobrança de metas abusivas.
O Sindicato vem denunciando diariamente as práticas abusivas do Santander. E reivindicou também, em contato com a Superintendência Regional, o fim do assédio moral e respeito aos trabalhadores, frisando que o método adotado pelo banco não é eficaz: trabalhador constrangido, ansioso e intimidado não produz mais, produz menos e pode levar ao seu adoecimento e afastamento das atividades.
Ataque aos aposentados
A reportagem da Folha também traz informações sobre as mudanças que o Santander quer promover no fundo de previdência dos funcionários do antigo Banespa (Banesprev), desrespeitando o termo de compromisso estabelecido em acordo coletivo e assinado pelo banco e pelos representantes de funcionários. Uma liminar proíbe o banco de dar continuidade à mudança.
“A proposta do Santander visa substituir o plano de benefício definido –no qual é pré-fixado o valor a ser retirado na aposentadoria– por um plano de contribuição definida –que pré-define a contribuição ao longo do plano e o montante a ser retirado varia em função da quantia, do tempo de contribuição e da rentabilidade”, explica o jornal.
"É claro que o Banco se utiliza de uma narrativa sedutora, tentando convencer os participantes de que terão muitos benefícios com a migração para o novo plano. Só não explicita os benefícios que perderão com a eventual migração. O plano de previdência na modalidade Contribuição Definida (CD), dirigido exatamente ao público que já tem direito adquirido a renda vitalícia, pode vir a se traduzir na pior destruição dos direitos dos banespianos e demais trabalhadores egressos de outros bancos adquiridos pelo grupo financeiro espanhol", acrescentou Trigo.
Como vemos, o banco Santander é um assíduo descumpridor de compromissos.
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