01/11/2019
Após reforma da Previdência, banqueiros agora miram no funcionalismo público

(Arte: Fabiana Tamashiro)
Reportagem da Bloomberg desta semana ouviu a opinião de banqueiros do BTG Pactual, Santander e Itaú Unibanco sobre a aprovação da reforma da Previdência pelo Senado. Em suas falas, Roberto Sallouti, Sergio Rial e Candido Bracher comemoraram a redução no valor da aposentadoria dos brasileiros, que também terão de trabalhar mais tempo a partir de agora. E já miraram o próximo alvo: o funcionalismo público.
Mesmo com cenário favorável de lucros estratosféricos dos bancos, aprovação de reformas que só prejudicam os trabalhadores e extermínios de direitos trabalhistas e sociais, os banqueiros continuam defendendo ainda mais medidas de austeridade que tanto penalizam os trabalhadores e os mais pobres.
Segundo a reportagem da Bloomberg, para Roberto Sallouti, presidente do BTG, a reforma da Previdência, “juntamente com a reforma administrativa, que será discutida no próximo ano, marcam as etapas finais da estabilização financeira que começou em 1994”. E emenda: “O país poderá se concentrar na agenda de produtividade, melhorando o PIB per capita e a vida dos brasileiros”.
Sérgio Rial, presidente do Santander, faz coro: “É fundamental que o governo e o Congresso continuem a avançar em outras frentes, como as reformas administrativa e tributária”. Seguido por Cândido Bracher, presidente-executivo do Itaú Unibanco, para quem a reforma da Previdência “era uma etapa necessária, ainda que insuficiente, para que o Brasil eleve seu potencial de crescimento”.
Na avaliação do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, os projetos aprovados nos últimos dois anos que constituem profundos retrocessos por meio da retiradas de direitos - como a reforma Trabalhista, a Previdenciária e também a PEC do teto dos gastos, não só reduziram investimentos que auxiliariam na recuperação e desenvolvimento do país, como também proporcionaram o aumento da taxa de desemprego, contribuindo apenas para a elevação do lucro dos rentistas.
"O país enfrenta um cenário de profunda crise econômica, que tem acarretado sérios impactos sobre o mercado de trabalho: elevação do desemprego, crescimento da informalidade e redução dos salários. Na contramão, os lucros dos cinco maiores bancos do Brasil seguem batendo recordes. "E para quem vai esse lucro todo dos bancos? Quem ganha com esse resultado? Com certeza, não é a maioria da sociedade brasileira. Além de jogar para a mão dos clientes a realização de serviços antes feitos pelos trabalhadores bancários, cobrar tarifas e enxugar custos, os bancos fazem com que uma parcela pequena de acionistas se aproprie de um dinheiro que não se materializa em investimentos produtivos, empregos e desenvolvimento", enfatiza o presidente do Sindicato Roberto Carlos Vicentim.
Vicentim ressalta, ainda, que uma tributação justa de lucros e dividendos, na qual quem ganha mais paga mais, é fundamental para tornar o sistema progressivo. E trata-se, portanto, de uma das principais bandeiras defendidas pelo Sindicato.
"Uma reforma tributária poderia auxiliar o país na busca pelo equilíbrio fiscal. Outra questão a ser combatida é a sonegação fiscal. Bilhões de reais deixam de financiar saúde, educação, previdência social e outros deveres do Estado devido à facilidade com que grandes empresários, acionistas e banqueiros conseguem enviar suas remessas para o exterior, livres de impostos", diz Vicentim.
Agora os banqueiros miram no funcionalismo público e, consequentemente, nas empresas públicas, indutoras de desenvolvimento econômico e social no país. Ainda com cenário totalmente favorável, afiam o discurso para lucrar ainda mais em cima de um país em crise e com os seus trabalhadores desempregados, desalentados e desgostosos.
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