10/06/2019
Privatização de subsidiárias vai aumentar os preços e diminuir os benefícios sociais

A decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou o governo federal a vender as subsidiárias das empresas públicas, como as refinarias da Petrobras e loterias da Caixa, sem a exigência de autorização do Congresso Nacional deve resultar em redução de políticas públicas. Mesmo não autorizando a venda direta das estatais, o STF possibilitou que um avanço da política neoliberal que defende a redução do papel do Estado. Com a decisão, poderão ser vendidas 88 subsidiárias, das 134 estatais do governo federal.
> STF libera o governo para entregar patrimônio público sem o aval do Congresso
O prejuízo pode recair sobre a população, que arcará com preços mais altos dos serviços públicos e não terá a contrapartida dos benefícios sociais que o governo oferece com o lucro que as estatais dão a União. A análise é de dirigentes de entidades e sindicatos ligados às empresas públicas que estarão sujeitas ao sucateamento com a venda de suas subsidiárias.
A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) entrou com uma medida cautelar no STF, em conjunto com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), pedindo o aval do Congresso para a venda das subsidiárias. O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, diz que a decisão do Supremo vai diminuir a capacidade da Caixa de fazer políticas públicas para os mais pobres. Segundo ele, a CEF pode perder o controle majoritário de diversas empresas como as de seguro, venda de cartões e loterias.
“Vai ser um esquartejamento da área social. As loterias são uma fonte de lucro que vai para o governo investir em bem-estar. Tudo isso vai se perder”, alerta o dirigente.
Jair conta ainda que uma das principais fontes de financiamento que a Caixa vai perder é o “Asset Management”, a gestão de recursos de terceiros executada por bancos, que acaba fazendo negócios altamente rentáveis. “O banco utiliza os recursos de clientes que depositam milhões e criam um fundo. Com o lucro, a Caixa pode aplicar em operações menos rentáveis, sociais. Tudo isso vai se perder”, explica.
O diretor de Assuntos Jurídicos e Institucionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, explica que somente a Petrobras tem desde distribuidoras, termoelétricas, fábrica de fertilizantes, empresa de gás a refinarias que podem ser vendidas para o mercado internacional. Com isso, a população poderá pagar mais caro pela gasolina, o diesel e o gás, entre outros produtos vendidos pela empresa.
Além disso, prossegue o dirigente, “todas as subsidiárias geram lucro e boa parte do valor vai para o governo federal, que utiliza esses recursos para investir em infraestrutura, projetos sociais, em saúde e educação”.
“A geração de riqueza da indústria do petróleo vai para outros países. O lucro que as subsidiárias geram para o país não vai mais ficar no Brasil porque empresa privada só pensa na maximização de seus lucros. O dinheiro da Petrobras vai gerar emprego no exterior e não mais aqui”, critica o dirigente.
Deyvid, que também é diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, conta ainda que somente na Petrobras existe a possibilidade da venda de oito refinarias, a Remam (AM), Lubnor (CE), Renest (PE), Reman (BA) Regap (MG), Repar (PR) e Refape (RS), além da Liguigás, cujo caso está sendo analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A repercussão negativa da decisão do Supremo em autorizar a venda das subsidiárias das estatais é compartilhada pelo engenheiro civil e sanitarista Clovis Nascimento, presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), filiada à CUT e à Union Network International (UNI).
Para ele, a decisão do STF afeta toda a população brasileira, pois quem paga a conta é sempre o povo. “É uma vergonha. Esta decisão vai gerar um desemprego ainda maior. A iniciativa privada não investe em nada, quando investe é com dinheiro público, seja do FGTS [Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço], seja do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador]. Não tem dinheiro privado em nenhuma área, muito menos no social “, diz.
Segundo Nascimento, a retomada dos investimentos para o país sair da crise econômica depende de uma série de iniciativas, como acabar com a emenda 95, do Teto dos Gastos Públicos, que congelou os investimentos do governo por 20 anos.
“O que temos assistido são ações que começaram com o golpista Michel Temer e se agravaram com esse governo de extrema direita, de Jair Bolsonaro. Não tem nada que possa deixar tranquila a população. Esse povo não faz nada em prol do povo. Estão destruindo o Estado, a soberania nacional, a Nação brasileira”, critica o dirigente.
Deyvid Bacelar diz que há uma grande possibilidade das empresas públicas virem a ser fatiadas e vendidas, pois a decisão do STF deixa vender sem nenhum tipo de processo licitatório e sem transparência para com a sociedade e os acionistas.
“Já revisaram o estatuto social da Petrobras. Tiraram a necessidade de assembleia extraordinária dos acionistas para tomar decisões importantes. Com isso, basta a diretoria executiva e o Conselho Administrativo da empresa decidirem pela venda de uma subsidiária ou ainda criar uma subsidiária e vendê-la, facilitando a privatização e burlando a decisão do Supremo”, diz.
Dirigentes chamam para o 14 de junho, Dia da Greve Geral
Embora a derrota no Supremo seja ruim, abriu o debate do tema junto à sociedade, que agora tem mais uma razão para participar da Greve Geral do dia 14 de junho, convocada pela CUT e demais centrais sindicais.
“Neste cenário de retrocessos e ameaças sérias a soberania nacional e aos direitos do trabalhador, é fundamental que toda a sociedade vá à luta. Converse com o seu vizinho, colega de trabalho, familiar, com o parlamento para mostrar que a entrega do patrimônio brasileiro para o mercado financeiro internacional vai gerar ainda mais desemprego, mais empobrecimento. Fortalecer essa luta por meio da participação de todos na Greve Geral é uma arma importantíssima para barrar os atos praticados pelo governo contra toda a população. Não fiquei alheio a essa luta, que também é sua”, diz o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim.
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