14/01/2019

Reforma da Previdência não protege o trabalhador


(Foto: Rede Brasil Atual)


A proposta de reforma da Previdência está prevista para ser entregue ao Congresso Nacional em fevereiro e, além de alterar as regras de idade mínima para a aposentadoria, também deve incluir a substituição do regime atual por um modelo de capitalização, que tem como referência o sistema utilizado no Chile, na qual cada trabalhador fará a sua própria poupança, de forma individual.

De acordo com Andras Uthoff, Economista e Ex-Conselheiro Regional da Organização Internacional do Trabalho, que participou da Comissão sobre Reforma do Sistema de Pensões e da Comissão sobre Reforma do Sistema de Seguro de Saúde do Chile, o sistema previdenciário deve proteger o trabalhador de três riscos fundamentais: o demográfico, risco financeiro e o desemprego, o que não acontecerá caso a reforma da Previdência seja aprovada. “Todos estes riscos, no sistema capitalista, quem assume é o trabalhador, não é o sistema. Se você não tem emprego, não pode guardar dinheiro, e por causa disso, no sistema de contribuição individual, você não teria uma aposentadoria”, explicou.

Uma das justificativas da reforma da Previdência é o aumento da expectativa de vida dos trabalhadores, e, por isso, a proposta altera a idade mínima de aposentadoria. “Se a expectativa de vida aumentar até você chegar, na época da aposentadoria, quem assume isso é você e cai a sua renda vitalícia. Ou seja, todos os riscos de um sistema são assumidos, no sistema capitalista, de modo individual pelo trabalhador. O sistema não o protege”, completou Andras Uthoff.

 


O presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim, defende que a reforma, por se tratar de um tema complexo e abrangente, deve ser debatido com toda a sociedade. E destaca que o movimento sindical resistirá na luta em defesa da Previdência Social e do direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores.

"Os trabalhadores e trabalhadoras não podem ser o elo mais fraco do jogo entre governo e mercado, por isso se torna tão importante o debate em torno da reforma proposta pelo atual governo. No Brasil, a Previdência Social é sustentada por três pilares de financiamento: trabalhador, empresas e governo. Mas só os trabalhadores cumprem rigorosamente com esse pacto. O governo destina parte dos seus recursos para outros fins e muitos empresários deixam de pagar, resultando no déficit do sistema. Ao invés de resolver os problemas de déficit, de fato, o governo propõe implantar o modelo chileno, que não serve para o Brasil e já se provou um fracasso no Chile", explica o dirigente sindical.

"É necessário, neste momento, fortalecer a unidade, a resistência e a luta dos trabalhadores para barrarmos mais este retrocesso e os graves impactos dessa reforma na vida da população”, conclui Vicentim. 

 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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