27/03/2018

Bancos cortam mais de mil empregos em fevereiro. Cadê a responsabilidade social?


(Foto: geralt/Pixabay)
 

O ano começou diferente em relação ao saldo de contratações no setor financeiro. Diferente do que costuma acontecer mês após mês, janeiro registrou um saldo positivo de 652 bancários contratados, mesmo que com remuneração bem inferior aos demitidos. Entretanto, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), referentes ao mês de fevereiro, com saldo negativo de 1.042 empregos, derrubaram o ponto fora da curva registrado no primeiro mês de 2018. Com isso, o primeiro bimestre de 2018 já registra 390 empregos a menos no setor.

Rio de Janeiro, Paraná e Bahia foram os estados que mais fecharam postos. Foram fechados 184, 90 e 76 postos respectivamente.  Já São Paulo, registrou 61,3% das admissões e 59% do total de desligamentos, apresentando o maior saldo positivo no emprego bancário no período analisado, com 100 postos abertos no mês.

A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os “Bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foram responsáveis pelo fechamento de 424 postos nos dois primeiros meses de 2018 e a Caixa Econômica foi responsável pelo fechamento de 13 postos.

Com foco em contratações nas faixas etárias entre 18 e 24 anos, os bancos criaram 1.635 vagas para trabalhadores com até 29 anos. Para a faixa etária acima de 30 anos, todas apresentaram saldo negativo (-2.025 postos, no total), com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 1.043 postos

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim, os bancos se utilizam de uma política que visa  a lucratividade máxima, ignorando seu papel social na colaboração para o crescimento do país. “Os bancos lucram cada dia mais, independente das condições do país. Se não houver geração de emprego e renda, não há desenvolvimento. Exigimos dessas instituições mais responsabilidade com o Brasil e toda a sociedade", destaca.

Rotatividade
Além de cortarem empregos, mesmo figurando como o setor mais lucrativo da economia brasileira – em 2017, os três maiores bancos privados lucraram R$ 53,8 bilhões, crescimento de 15% em relação a 2016 – as instituições financeiras no Brasil ainda ganham com a rotatividade, uma vez que os bancários admitidos recebem remuneração inferior aos desligados.

Em fevereiro, os trabalhadores que ingressaram no setor foram contratados recebendo em média menos da metade (48%) do que ganhavam os que saíram dos bancos.

Desigualdade entre Homens e Mulheres

Nos dois primeiros meses do ano, o salário médio das mulheres admitidas (R$ 3.378) correspondeu a 75% da remuneração média dos homens contratados no período (R$4.510). A desigualdade também aparece entre os trabalhadores que deixaram o setor. As bancárias que deixaram os bancos nos meses de janeiro e fevereiro saíram recebendo 78% da remuneração média de um bancário homem desligado no período.
 

Fonte: Contraf-CUT, com informações do Seeb SP e edição do Seeb Catanduva

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