Setor bancário eliminou mais de 17 mil postos de trabalho em todo o país em 2017, revela pesquisa

Em 2017, o bilionário e concentrado setor bancário brasileiro manteve sua perniciosa tradição de lucros estratosféricos e eliminação de milhares de postos de trabalho. Foram 17.905 vagas cortadas no ano passado. Apenas em dezembro, 2.311 bancários foram demitidos e 2.117 contratados, saldo negativo de 194 vagas.
E persistiu a tendência de demitir quem ganha mais e contratar pagando menos. Durante todo o ano, os dispensados ganhavam em média R$ 7.456. Já a média salarial dos contratados foi de R$ 4.139, o que representa apenas 56% da remuneração dos desligados. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério do Trabalho.
Por outro lado, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander) lucraram R$ 54 bilhões apenas nos nove primeiros meses de 2017, crescimento de 20,4% em relação ao mesmo período de 2016. Os dados do quarto trimestre ainda não foram divulgados.
Esses cinco bancos empregam por volta de 90% de todos os bancários, segundo dados dos balanços das próprias instituições financeiras e do Ministério do Trabalho. Apenas com o que cobram de tarifas dos clientes, conseguem pagar todas as suas folhas salariais e ainda sobram R$ 20,5 bilhões.
"Mesmo mantendo lucros bilionários, os bancos estão entre os setores da economia que mais demitiram. Os dados revelam que persistem em manter uma política de exploração através de juros e tarifas abusivas. Ao passo que os resultados dessas instituições só aumentam, reduzem drasticamente seus quadros de funcionários com a demissão de milhares de trabalhadores, e ainda sobrecarregam aqueles que permanecem, contribuindo para o aumento do número de adoecimentos na categoria", protesta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região Carlos Alberto Moretto.
“O Sindicato, como representante dos trabalhadores, sempre teve a defesa do emprego como uma de suas principais bandeiras", reforça o diretor. "É importante ainda lembrar que a Campanha Nacional de 2016 conquistou os centros de realocação e requalificação profissional, que devem ser criados banco a banco, para garantir os empregos dos trabalhadores, principalmente os afetados pela adoção de novas tecnologias."
A cláusula que determina a criação desses centros foi assinada pelo Comando Nacional dos Bancários e pela Fenaban (federação dos bancos) em setembro do ano passado, e o movimento sindical persiste cobrando dos bancos que implantem os centros para garantir a manutenção dos empregos.
Os estados com maior incidência de saldos negativos foram São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Apenas a Paraíba e o Acre apresentaram saldos positivos para o emprego bancário em 2017, com abertura de 87 e 5 postos, respectivamente. Todos os demais estados apresentaram saldo negativo de no período.
Clique aqui e veja a pesquisa completa.
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