23/01/2018

Desigualdade: Enquanto “desapareceram” direitos e empregos, Brasil ganhou 12 novos bilionários

O relatório Recompensem o trabalho, não a riqueza, da organização não governamental (ONG) britânica Oxfam, divulgado na segunda-feira (22), revela que o número de bilionários brasileiros saltou de 31 para 43 em 2017. No mesmo período, o patrimônio total dessa parcela ínfima da população cresceu 13%, enquanto os 50% mais pobres tiveram sua fatia da renda nacional reduzida de 2,7% para 2%. 

A gente não encontrou ainda um caminho para enfrentar essa desigualdade", disse Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

"O aumento da desigualdade social no Brasil é o retrato do governo implantado por Temer. Um governo usurpador de direitos, que cortou investimentos importantíssimos para o crescimento do país, que não conseguiu recuperar a economia e congelou o orçamento através da PEC 55. Juntamente com os senhores banqueiros do mundo, que estratificam a sociedade com um critério em que apenas 10% dos brasileiros são pobres, estão conduzindo o Brasil a uma guerra social, penalizando os menos favorecidos com medidas duras e restritivas para beneficiar uma parcela mínima da população, que permanece intocável”, critica o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região Roberto Carlos Vicentim.

Concentração – Cinco bilionários brasileiros concentram o equivalente à metade da população mais pobre do país. "O Brasil chegou a ter 75 bilionários, depois caiu, muito por causa da inflação, e depois, nos últimos três anos, a gente viu uma retomada no aumento do número de bilionários. Esse último aumento – de 12 bilionários – é o segundo maior que já houve na história. E o patrimônio geral também está aumentando", afirmou Rafael Georges, coordenador de campanhas da Oxfam. 

Um brasileiro que ganha um salário mínimo precisaria trabalhar 19 anos para ganhar o mesmo que recebe em um mês uma pessoa enquadrada entre o 0,1% mais rico.

Mundo – O relatório da ONG britânica mostra que a concentração da riqueza é cada vez maior em todo o mundo. De toda a riqueza gerada no mundo no ano passado, 82% ficaram concentrados nas mãos dos que estão na faixa de 1% mais rica, enquanto a metade mais pobre – equivalente a 3,7 bilhões de pessoas – não ficou com nada.

O documento destaca ainda que houve um aumento histórico no número de bilionários: um a mais a cada dois dias. Segundo a Oxfam, esse crescimento seria suficiente para acabar não uma, mas sete vezes com a pobreza extrema no planeta. Atualmente existem no mundo 2.043 bilionários. A concentração de riqueza também reflete a desigualdade de gênero: a cada dez bilionários nove são homens.

Recomendações – Para diminuir a desigualdade extrema em todo o mundo, a Oxfam recomenda a criação de empregos decentes. "O que o relatório aponta é que está acontecendo um movimento contrário, inclusive com vários países regredindo em proteção trabalhista", diz Rafael Georges.

Outra recomendação é que se limite lucros de acionistas e altos executivos, priorizando o pagamento salário digno a todos os trabalhadores. Indica também a eliminação das diferenças salariais por gênero, que no atual ritmo precisariam de 127 anos para serem eliminadas. 

O relatório pede ainda que os ricos paguem uma "cota justa" de impostos e tributos e que sejam aumentadosos gastos públicos com educação e saúde. "A Oxfam estima que um imposto global de 1,5% sobre a riqueza dos bilionários poderia cobrir os custos de manter todas as crianças na escola."

"As medidas adotadas pelo governo Temer levaram o país à ruína no cenário internacional, e colocaram-no outra vez de joelhos diante do Banco Mundial e de instituições que defendem políticas contrárias aos trabalhadores. Instituiu-se uma reforma trabalhista para retirar direitos e precarizar as condições de trabalho e, agora, pretende-se aprovar a reforma da Previdência, que também acabará com o direito de aposentadoria àqueles que contribuíram toda uma vida. É fundamental que nos organizemos para reconquistar a democracia em nosso país, tendo o direito de votar no candidato que escolhermos. Só assim conseguiremos reduzir a desigualdade social e caminhar novamente rumo ao desenvolvimento”, conclui Vicentim.

Fonte: Rede Brasil Atual, com edição de Seeb Catanduva

SINDICALIZE-SE

MAIS NOTÍCIAS