17/01/2018

Por reforma da Previdência, governo Temer promete mais R$ 10 bilhões para deputados

O governo Temer tenta de qualquer forma angariar votos de deputados para que a reforma da Previdência seja aprovada na Câmara. Para isso, uma das suas últimas cartadas foi prometer que parte da “economia” gerada pelas mudanças das regras de aposentadoria seria destinada para deputados que votarem a favor da medida. A ideia do governo é destinar cerca de R$ 10 bilhões para a finalização de obras em redutos eleitorais de quem votar pela reforma, mitigando assim o impacto eleitoral negativo decorrente de votos favoráveis a um projeto que afasta milhões de brasileiros da aposentadoria pública. As informações são de Julio Wiziack e Daniel Carvalho, da Folha de S.Paulo.

“A postura de Temer, disposto a aprovar o desmonte previdenciário a qualquer custo, demonstra que não há nada de democrátrico e republicano em seu governo. Para isso, tenta enganar milhões de cidadãos brasileiros com a falsa ideia de défcit da Previdência Social. Enquanto defende um projeto para "equilibrar as contas" do sistema previdenciário, promete beneficiar com a "economia" interesses eleitorais de uma minoria que se posicionar à favor da proposta. Temer não possui escrúpulo nenhum. É um total desrespeito com o país e seus trabalhadores, diz Roberto Carlos Vientim, presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região.

Vicentim alerta para a importância de toda a sociedade estar unida e organizada contra mais um corte de direitos pretendido pelo governo Temer. "Nossa pressão já surtiu efeito quando conseguimos postergar a votação do projeto. Deputados estão amedrontados com a possibilidade de não se reelegerem caso apoiem a reforma. Por isso, é fundamental nos mobilizarmos para deixar bem claro aos parlamentares: se votar, não volta!", ressalta.

Pressione – Pressionar deputados é tarefa fundamental de todos os trabalhadores para impedir que a reforma da Previdência seja aprovada. Para ajudar nessa missão, a CUT atualizou o site Na Pressão, uma ferramenta que permite contatar os parlamentares por e-mail, mensagens, telefone ou redes sociais.

A ferramenta possibilita enviar, de uma só vez, e-mail para todos os parlamentares indecisos ou a favor do governo do ilegítimo Temer pelo link "Ativar Ultra Pressão". Ao clicar na foto individual do parlamentar, é possível acessar informações completas do deputado, como partido, estado e até mesmo contato para envio de mensagens por meio do Whatsapp.

Não há déficit – A cartilha Entender e Defender a Previdência Social, lançada pelo movimento sindical no ano passado em parceria com os economistas João Sicsú e Eduardo Fagnani, professores da Unicamp e UFRJ, respectivamente, explica que a Previdência faz parte do Sistema de Seguridade Social, formado ainda pelas áreas de Assistência Social e Saúde. No Brasil, o financiamento da Previdência segue o modelo tripartite utilizado pela maioria dos países no mundo, com contribuições de trabalhadores, empresários e do governo. Além de reforçar esse modelo, a Constituição de 1988 instituiu novas fontes de financiamento por parte do Estado: a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das Empresas (CSLL). Quando se contabiliza o total de contribuição por parte do Estado, nota-se que a Previdência é superavitária desde 2007.

O problema é que, desde 1989, os sucessivos governos contabilizam apenas as contribuições dos trabalhadores e dos empresários, e é desse cálculo inconstitucional que vem o tal “rombo” propagado pelo governo Temer para justificar a reforma e insistentemente noticiado pela imprensa tradicional. “O ‘déficit’ da Previdência é a parcela do governo que não é contabilizada”, explica a cartilha.

Déficit em construção – Para a economista Denise Lobato, professora e pesquisadora da UFRJ, o governo Temer, ao invés de combater o alegado "rombo" nas contas da Previdência, está criando um déficit por meio de sua política recessiva, de congelamento dos investimentos públicos, arrocho salarial e corte de direitos dos trabalhadores. De acordo com a economista, é essencial para a Previdência que se lute por uma política macroeconômica que seja desenvolvimentista, voltada para o pleno emprego, para o retorno da recuperação da renda e dos postos de trabalho.

“Porque a Previdência depende dos postos formais de trabalho, do nível do salário médio, ela depende da massa de trabalhadores e da participação desses trabalhadores na economia. É daí que vem a principal receita da Previdência”, avalia. 
 

Temer usará Google e imprensa para convencer população a aceitar reforma

A Google se consagrou como a maior ferramenta de busca da internet, se tornando quase um sinônimo de informação. Porém, isso não significa que a empresa seja isenta e imparcial.

Em sua cruzada pela aprovação da reforma da previdência, Temer também estuda usar os serviços do Google para convencer a população a aceitar as mudanças.

Segundo a coluna de Lauro Jardim, no O Globo desta semana, a equipe de comunicação do presidente se reuniu com representantes da Google para implementar um redirecionamento de buscas para o conteúdo elaborado pelo governo.

Ou seja, quando alguém fizer uma busca  sobre o tema os primeiros links serão de sites do próprio governo explicando como a reforma é positiva. O foco de Temer seria o YouTube, que pertence ao Google, por ser a plataforma com a segunda maior audiência do Brasil, usada principalmente por jovens.

Segundo Jardim, a busca levaria em conta também informações do usuário: “um trabalhador rural que colocasse o termo ‘previdência’ no mecanismo de busca receberia o conteúdo que explica, por exemplo, que essa categoria não será afetada pelas mudanças”.

Nas esferas de governo Temer e seus aliados estão trabalhando há tempos para viabilizar a aprovação do projeto. O que inclui os recursos da Caixa. No final de dezembro o atual ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu que usa os recursos do banco para chantagear políticos a apoiar a reforma.

No entanto, o apoio popular segue muito baixo. E o atual governo não medirá esforços para manipular a opinião do povo.

Por isso, já em dezembro, Temer se reuniu com João Roberto Marinho, do grupo Globo, para pedir apoio à reforma e discutir a cobertura jornalística de seu governo pelos veículos do grupo.

Depois, Temer acertou com Silvio Santos, dono do SBT, a aparição em programas da emissora para falar sobre a proposta.

Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva e informações da Apcef/SP

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