Executivos do banco espanhol querem lucrar às custas dos direitos dos trabalhadores

A reforma trabalhista de Michel Temer começou a afetar diretamente os bancários do Santander. Sem qualquer negociação com os trabalhadores, o banco está impondo mudanças no acordo de horas extras e no fracionamento das férias. A nova lei permite a negociação direta entre empresa e trabalhador nesses dois temas, em uma correlação desigual de poder, na qual o empregador pode impor sua vontade sobre a prerrogativa de demitir o empregado caso não aceite os termos.
O banco também anunciou que a partir de março o salário passará a ser creditado no dia 30 e não mais no dia 20. E o décimo terceiro, que era pago em março e novembro, passará para os meses de maio e dezembro.
“Não contente em pressionar violentamente os trabalhadores buscando aumento dos lucros dos acionistas e dos bônus já milionários pagos aos executivos, o Santander agora também quer fazer resultado em cima da folha de pagamento, retardando a data para o crédito dos salários”, denuncia Maria Rosani, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE).
Na quarta-feira (13), dirigentes sindicais entregaram documento aos representantes do banco cobrando a revogação dessas medidas e abertura de negociação.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região Aparecido Augusto Marcelo, que esteve presente na reunião representando a entidade, criticou o comportamento do banco. Para ele, a direção do Santander se aproveitou da Reforma Trabalhista, em vigor desde 11 de novembro, para impor mudanças também na sua legislação interna, atropelando dessa forma o direito à negociação coletiva e trazendo sérios prejuízos aos seus funcionários.
"Solicitamos ao banco a imediata suspensão da exigência de adesão ao acordo de compensação de horas extras e negociação séria a respeito de todos os temas em conflito. Deixamos claro à direção que não vamos aceitar que essas mudanças sejam implementadas sem negociação com as entidades representativas e que iremos tomar todas as medidas necessárias para defender e garantir os direitos dos trabalhadores", afirmou Marcelo.
Na mesma reunião, os dirigentes sindicais reforçaram a enorme indignação causada entre os trabalhadores por causa do reajuste de 20% nos planos de saúde e do aumento na coparticipação das consultas e procedimentos médicos.
Demissão em massa – A reforma trabalhista atingiu em cheio os bancários do Santander. Nos últimos dias, o banco dispensou 170 funcionários. Antes vedada pelos tribunais trabalhistas, a demissão em massa sem negociação prévia com o Sindicato agora é expressamente permitida pela nova legislação.
“Nada justifica essas demissões considerando o astronômico lucro da empresa no Brasil que representa a maior fatia em todo o banco em nível mundial”, afirma Maria Rosani.
“Esse imenso desrespeito praticado contra dezenas de pais a mães de família tem o agravante de que muitos desses bancários foram demitidos no exame de retorno médico, uma prática execrável que revela todo o desprezo da diretoria do Santander com a saúde dos trabalhadores que ficaram doentes justamente de tanto trabalhar em um ambiente onde a pressão, a sobrecarga e o assédio são a regra”, condena Maria.
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