Lucrando com a doença: “O Santander tirou toda a minha dignidade”, afirma bancária

Muitos ainda acabam demitidos depois de perder a saúde por causa do ambiente de trabalho desumano. Esse é o drama enfrentado por dezenas de funcionários do Santander e de outros bancos. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região recebeu diversos casos iguais nas últimas semanas e decidiu denunciar alguns, numa série de reportagens, a fim de evidenciar o descaso do banco com a saúde dos seus empregados.
Débora (nome fictício) é uma delas. Ao longo dos sete anos em que trabalhou no banco desenvolveu uma série de lesões por esforço repetitivo (LER) no desempenho de sua atividade como caixa de agência. A dor era insuportável e as doenças foram comprovadas por uma série de laudos, exames e atestados que recomendaram afastamento. Mesmo assim, o perito do INSS não concordou e negou o benefício. O mesmo se deu com o médico contratado pelo banco que, para agravar a situação, não a transferiu para outra função que não exigisse esforço repetitivo.
“Simplesmente estou sem salário. Tive de pegar empréstimo consignado com o Santander para ver se consigo pagar minhas necessidades. Eles estão lucrando com a minha doença. Estou com uma dívida de mais de R$ 20 mil.”
Por causa da situação financeira, ela tentou voltar ao trabalho mesmo com atestado médico recomendando afastamento. No dia seguinte foi demitida.
“Minha saúde está se deteriorando cada vez mais. Preferem um funcionário doente fisicamente e espiritualmente do que dar uma oportunidade de sair desse círculo vicioso. O banco nunca demonstrou vontade de ajudar. Estou tremendamente decepcionada. O Santander tirou toda minha dignidade. Não desejo o que estou passando nem para o meu pior inimigo”, desabafa Débora.
Aparecido Augusto Marcelo, diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região explica que a pressão sobre os trabalhadores para aumentar a lucratividade crescente dos patrões não é característica apenas dos bancos, mas que a questão fica mais clara nesse setor de atividade.
"É um absurdo o que os bancos vêm fazendo com os trabalhadores. Provocam o seu adoecimento e depois os descartam. Ifringem a Lei e expõem o funcionário, já debilitado, a situações humilhantes como essas", critica Marcelo.
Vera Marchioni, diretoria executiva do Sindicatos dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, afirmou que será exigido respeito e negociações sérias com o banco, ou, se necessário, nos Tribunais de Trabalho, para que a justiça seja feita. "Nesse caso, queremos o cancelamento dessa demissão absurda, e que os direitos da trabalhadora sejam respeitados, inclusive o direito ao tratamento médico digno”.
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