26/08/2022
Conheça o movimento de 'demissão silenciosa' que ganha força entre os jovens

Um artigo publicado em agosto pelo site de notícias acadêmicas The Conversation chamou a atenção do SINTPq ao trazer à tona o fenômeno da "demissão silenciosa": tendência de fazer o mínimo esperado de sua função no trabalho. Escrito por Nilufar Ahmed, professora de ciências sociais na Universidade de Bristol, no Reino Unido, o artigo explica que esse fenômeno é uma rejeição à lógica de "viver para o trabalho" e tem repercutido entre os jovens e ganhado força no TikTok.
"Se você está infeliz no trabalho, mas deixar seu emprego não é uma opção ou não há alternativas atraentes, você pode tentar a 'demissão silenciosa'.? Mas a demissão silenciosa não quer dizer evitar fazer seu trabalho, é apenas procurar manter uma vida também fora do trabalho", afirma a professora Nilufar Ahmed.
Nas últimas décadas, a cultura corporativa de promover e valorizar o excesso de trabalho ganhou muitos adeptos entre os próprios assalariados. O pensamento de "vestir a camisa" e dedicar sua vida à empresa também ganha projeção com o recente culto ao empreendedorismo. Esse culto vende a ideia de que o indivíduo, mesmo sendo um assalariado, deve se ver como "empreendedor de si mesmo" e ter "cabeça de dono".
No contexto descrito acima, o trabalho não remunerado tem se tornando uma parte esperada de muitos empregos, com a realização de longas horas extras "voluntárias" e a incorporação de outras responsabilidades na lista de funções do cargo ocupado. Tudo isso com a premissa de demonstrar proatividade e ambição profissional, características supervalorizadas no meio corporativo.
Com a piora do cenário econômico global, muitos jovens da geração millennial e Z não conseguem mais comprar uma casa, um veículo ou minimamente repetir o padrão de vida dos seus pais. De acordo com Ahmed, esses jovens estão percebendo que "viver para o trabalho" é inútil materialmente e, mais do que isso, resulta em diversos problemas psicológicos.
"Uma pesquisa realizada com 2.017 trabalhadores do Reino Unido pelo site de avaliação de empregadores Glassdoor, em 2021, descobriu que mais da metade dos entrevistados achava que faltava equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal. A demissão silenciosa visa restabelecer este equilíbrio, em situações em que o trabalho roubou tempo da sua vida pessoal", avalia a professora.
Outro ponto positivo de não "viver para o trabalho", segundo o artigo, consiste no melhor desenvolvimento da autoestima. Quando o trabalho se torna o principal aspecto da vida, frustrações profissionais externas ao indivíduo – como não conseguir uma promoção ou reconhecimento por suas realizações – podem ser internalizadas como falhas pessoais. Isso resulta em problemas psicológicos como ansiedade e até mesmo depressão e burnout.
Em linha com o artigo, a diretora do SINTPq, Fabiana Ramos, observa que a cobrança para ir além das obrigações está enraizada na cultura empresarial e gera severos impactos ao trabalhador.
"Temos visto essa realidade na rotina do funcionário, que é convidado e convocado a sempre assumir mais atividades e atuar fora das suas funções, com a empresa sempre ressaltando a proatividade, chamando o funcionário a ser mais participativo e engajado, a entregar sempre além do esperado. Entretanto, as corporações não se responsabilizam pelos danos provocados por esse excesso. É sempre o trabalhador e a trabalhadora que é obrigado a lidar com a situação que pode ter grande impacto na sua vida pessoal e na sua saúde mental e física", ressalta Fabiana.
"Se você está infeliz no trabalho, mas deixar seu emprego não é uma opção ou não há alternativas atraentes, você pode tentar a 'demissão silenciosa'.? Mas a demissão silenciosa não quer dizer evitar fazer seu trabalho, é apenas procurar manter uma vida também fora do trabalho", afirma a professora Nilufar Ahmed.
Nas últimas décadas, a cultura corporativa de promover e valorizar o excesso de trabalho ganhou muitos adeptos entre os próprios assalariados. O pensamento de "vestir a camisa" e dedicar sua vida à empresa também ganha projeção com o recente culto ao empreendedorismo. Esse culto vende a ideia de que o indivíduo, mesmo sendo um assalariado, deve se ver como "empreendedor de si mesmo" e ter "cabeça de dono".
No contexto descrito acima, o trabalho não remunerado tem se tornando uma parte esperada de muitos empregos, com a realização de longas horas extras "voluntárias" e a incorporação de outras responsabilidades na lista de funções do cargo ocupado. Tudo isso com a premissa de demonstrar proatividade e ambição profissional, características supervalorizadas no meio corporativo.
Com a piora do cenário econômico global, muitos jovens da geração millennial e Z não conseguem mais comprar uma casa, um veículo ou minimamente repetir o padrão de vida dos seus pais. De acordo com Ahmed, esses jovens estão percebendo que "viver para o trabalho" é inútil materialmente e, mais do que isso, resulta em diversos problemas psicológicos.
"Uma pesquisa realizada com 2.017 trabalhadores do Reino Unido pelo site de avaliação de empregadores Glassdoor, em 2021, descobriu que mais da metade dos entrevistados achava que faltava equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal. A demissão silenciosa visa restabelecer este equilíbrio, em situações em que o trabalho roubou tempo da sua vida pessoal", avalia a professora.
Outro ponto positivo de não "viver para o trabalho", segundo o artigo, consiste no melhor desenvolvimento da autoestima. Quando o trabalho se torna o principal aspecto da vida, frustrações profissionais externas ao indivíduo – como não conseguir uma promoção ou reconhecimento por suas realizações – podem ser internalizadas como falhas pessoais. Isso resulta em problemas psicológicos como ansiedade e até mesmo depressão e burnout.
Em linha com o artigo, a diretora do SINTPq, Fabiana Ramos, observa que a cobrança para ir além das obrigações está enraizada na cultura empresarial e gera severos impactos ao trabalhador.
"Temos visto essa realidade na rotina do funcionário, que é convidado e convocado a sempre assumir mais atividades e atuar fora das suas funções, com a empresa sempre ressaltando a proatividade, chamando o funcionário a ser mais participativo e engajado, a entregar sempre além do esperado. Entretanto, as corporações não se responsabilizam pelos danos provocados por esse excesso. É sempre o trabalhador e a trabalhadora que é obrigado a lidar com a situação que pode ter grande impacto na sua vida pessoal e na sua saúde mental e física", ressalta Fabiana.
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