15/10/2021
Bancos aproveitam pandemia para aumentar lucro com redução de agências

Enquanto o número de pobres no Brasil saltou de 9,5 milhões, em agosto de 2020, para 27 milhões, em fevereiro de 2021, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, o lucro dos bancos não para de crescer.
O balanço financeiro apresentado pelo Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Santander mostra que os quatro maiores bancos do país, juntos, ganharam R$ 22,1 bilhões no segundo trimestre deste ano, uma alta de 63,6% em relação ao mesmo período de 2020.
Mesmo assim, as instituições seguem deixando um rastro de irresponsabilidade e aproveitam a pandemia para fechar agências. Desde março do ano passado, 2.080 agências em todos o país deixaram de existir e fizeram com que 89 municípios ficassem sem ao menos um posto de atendimento presencial, conforme dados do Banco Central (BC).
O número de cidades que não possuem agência, posto de atendimento presencial ou caixa eletrônico saltou de 377 para 384 no mesmo período.
Os números são ainda piores se computados os últimos cinco anos. De acordo com o BC, 4.752 agências tiveram as atividades encerradas, dado que impacta diretamente àqueles mais fragilizados durante a pandemia e que necessitam de postos para atendimento presencial.
Mesmo o serviço bancário tendo sido considerado durante a pandemia (ainda em curso) como atividade essencial, a categoria foi atingida em cheio por um setor que tem no corte de atendimentos uma forma de ampliar o lucro.
“O setor que mais lucra é também o que demite, sem se importar com a responsabilidade social e com os milhares de trabalhadores que colocaram a própria vida e a de seus familiares em risco para que essas instituições não deixassem de realizar o atendimento à população. Fecham agências e postos de trabalho mesmo tendo seu lucro aumentado a cada ano e mesmo com a redução do custo operacional por conta do home office. Os bancos fizeram compromisso público, chamaram a imprensa, disseram que estavam fazendo a parte deles. Uma promessa que funcionou muito bem para as peças publicitárias, mas que não foi respeitada na prática”, denuncia o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
No primeiro semestre de 2020, as instituições financeiras usaram diferentes canais de comunicação para propagandear a promessa de não demissão.
“O Bradesco faz parte do ‘Não Demita’, um movimento para evitar a demissão de milhares de pessoas nesse momento de quarentena. É nosso dever, como um dos maiores bancos brasileiros, cuidar das pessoas que nos ajudam diariamente”, escreveu o Bradesco em suas redes sociais.

“Não é justo socialmente, enquanto concessões públicas, eles estarem cada vez mais demitindo, fechando postos de trabalho, especialmente em um momento delicado como esse”, afirma Vicentim.
A política dos bancos impacta principalmente pessoas de baixa renda e moradores de áreas sem cobertura satisfatória de internet. A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C) apontava, em 2019, que 39,8 milhões de pessoas não tinham conexão com internet no Brasil.
Além disso, a transformação de locais como lotéricas em correspondentes bancários amplia a insegurança entre trabalhadores desses postos e fazem com quem os serviços oferecidos à população sejam mais limitados, já que não realizam todas as operações executadas pelas agências.
O movimento sindical cobra e faz pressão para a suspensão das demissões e continua com a campanha de denúncias contra a quebra de compromisso dos bancos de não demitir durante a pandemia. Bancos privados que atuam no Brasil também são alvos de ações judiciais que questionam o descumprimento do compromisso público de não demitir trabalhadores durante o período.
“O movimento sindical está recorrendo à Justiça para buscar o cumprimento dos acordos. São iniciativas importantes. Os acordos têm que valer, os bancos têm que cumprir. É isso que a gente cobra deles. As instituições financeiras reúnem todas as condições para manter os bancários em seus postos de trabalho. Como a nossa economia vai reaquecer sem emprego, sem crédito? O que se espera de quem ganha muito é que ao menos parte desse lucro seja destinado a atender dignamente a população”, ressalta o presidente do Sindicato.
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